domingo, 26 de março de 2017

Nextstrain ganha o Open Science Prize

 


A iniciativa Nextstrain acaba de ganhar o importante prêmio "Open Science Prize", financiado pelo NIH (National Institute of Health), a fundação Howard Hughes Medical Institute e a britânica Welcome Trust. O algoritmo do Nextstrain busca rastrear a disseminação de vírus através da sequência de DNA de várias cepas, informação publicamente disponível.
Vale a pena dar uma olhada!


sábado, 18 de fevereiro de 2017

Broad ganha batalha sobre patente de CRISPR-CAS9

Já escrevi aqui sobre a revolução das CRISPR-CAS9. Uma briga feia entre o Broad Institute (Harvard/MIT) e a University of California Berkeley estava rolando nos tribunais americanos sobre patentes submetidas pelas duas instituições. A patente da UC Berkeley estava relacionada ao mecanismo de direcionamento da CAS9 para uma dada sequência no DNA. A patente do Broad estava relacionada ao uso do sistema CRISPR-CAS9 em células eucarióticas, como as humanas. A UC Berkeley queria que a patente do Broad fosse cancelada. Na última quarta-feira (15/02) a justiça americana confirmou a patente do Broad (uma matéria da Nature sobre a decisão encontra-se aqui).

A decisão a favor do Broad não encerra a briga. A UC Berkeley irá provalmente recorrer. Além disso, há ainda o sistema patentário europeu. As aplicações de CRISPR-CAS9 tem aumentado dramaticamente desde que a briga começou e certamente dezenas de outras patentes estão (e estarão) sendo submetidas.  Torço para que as duas instituições entrem em um acordo. A briga sobre as patentes tem desacelerado as aplicações da tecnologia visto que muitas empresas não sabem de quem licensiar.
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sábado, 31 de dezembro de 2016

Mais sobre transgênicos



Como tenho sido muito relapso com o blog nos últimos meses, não é surpreendente que eu não tenha discutido a mais nova controvérsia sobre transgênicos. Um artigo na capa do NY Times no final de Outubro questiona o aumento de produtividade das plantas transgênicas. O jornalista Danny Hakim baseou as suas conclusões em uma comparação da produtividade da agricultura norte-americana (EUA e Canadá onde transgênicos são usados) com a européia (onde transgênicos não são usados).
Antes de discutir os problemas da abordagem de Hakim, vale ressaltar que o tema do artigo é bem vindo e merece análises mais criteriosas (ou seja, com uma metodologia científica). De fato, o famoso relatório da National Academy of Sciences (NAS) dos EUA (discutido por mim aqui) já indicava que o ganho de produtividade não é muito alto, e baseava tais conclusões em evidências científicas.

Dito isso, o artigo de Hakim traz sérios problemas que afetam a sua credibilidade. Primeiramente, as comparações são grosseiras. Ao comparar continentes, Hakim incorreu no erro de ignorar os inúmeros parâmetros que certamente afetam a análise. Ao fazer uma comparação tão grosseira, ele só perceberia alguma diferença caso o ganho de produtividade dos transgênicos fosse dramático. Um problema mais sério do artigo é que Hakim usa dados do relatório da NAS para suportar a sua conclusão mas ignora outros dados do relatório que vão contra a mesma. Por exemplo, o relatório da NAS diz explicitamente que a produtividade dos transgênicos é maior em alguns casos como naquelas situações onde o controle das ervas daninhas é maior. A sua conclusão de que o uso de pesticidas tem caído na Europa também tem sido questionada desde que o artigo foi publicado (por exemplo, aqui e aqui).

Como discutido nos dois links acima, um grande problema no debate sobre transgênicos é tratá-los como um coisa só. O relatório da NAS já indicava claramente que as conclusões mais definitivas são obtidas quando se analisa cada espécie de transgênico separadamente.

FELIZ 2017!

domingo, 30 de outubro de 2016

Cuidado: post produzido a partir de produto transgênico

Nos últimos meses a rotulagem de produtos contendo transgênicos foi alvo de intensa atividade legislativa e/ou judiciária tanto no Brasil como nos EUA. Lá, o congresso americano aprovou uma lei padronizando os rótulos. Houve muita gritaria por parte dos grupos anti-transgênicos. Eu, particularmente, acho a padronização bem vinda já que ela impede o lobby de grupos anti-transgênicos nas câmaras legislativas estaduais e assim o consumidor tem uma informação mais confiável e menos enviezada do ponto de vista ideológico. Aqui no Brasil, a Câmara aprovou em Abril projeto de lei que acaba com a exigência do rótulo em produtos contendo transgênicos mantendo a obrigatoriedade para os produtos que apresentarem presença de transgênicos "superior a 1% de sua composição final". Menos de um mês depois, o STF garantiu a rotulagem em produtos contendo qualquer quantidade de transgênicos.

Eu não vejo a necessidade do rótulo já que é consenso na comunidade científica que transgênicos não causam mal à saúde humana. Já discuti esse assunto no blog em algumas oportunidades. Entendo, no entanto, que esse é um assunto sensível para boa parte da população. Assim, não vejo problema na existência dos rótulos, embora ache que os mesmos deveriam ser mais informativos deixando explícito que os trangênicos não fazem mal à saúde humana.

A questão principal refere-se à ignorância de boa parte da população quanto aos princípios que governam a ciência. Nesse sentido o debate dos trangênicos lembra o debate sobre a pílula do câncer, a fosfoetanolamina. Ambos são dominados por posições ideológicas e/ou emotivas. Os cientistas continuam a demonstrar a sua incapacidade de convencer os leigos sobre temas que a ciência já tem respostas.

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terça-feira, 5 de julho de 2016

Aprendizado ativo, JÁ!

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Já havia escrito aqui sobre um artigo do PNAS mostrando através de uma meta-análise o efeito positivo do aprendizado ativo sobre as taxas de aprovação e frequência em alunos americanos. Agora, uma nova pesquisa, publicada no CBE-Life Science Education e disponível aqui, mostra que o engajamento precoce de alunos em projetos de pesquisa, ao invés de aulas expositivas, tem também um impacto positivo no tempo de conclusão do curso e na taxa de evasão. O estudo foi feito na University of Texas - Austin e comparou 2500 alunos submetidos ao programa experimental com um grupo equivalente de alunos submetido ao tradicional aprendizado passivo. O estudo mostra que 94% dos alunos submetidos ao aprendizado ativo concluíram o curso, comparado a 71% do grupo controle. Além disso, 83% dos alunos do grupo experimental concluíram o curso em menos de 6 anos, comparado a 66% no grupo submetido ao aprendizado passivo.
Parabéns à University of Texas - Austin pela implementação do programa e pela análise que resultou no artigo. Mais evidências que aprendizado ativo FUNCIONA!


domingo, 3 de julho de 2016

Edge.org - sensacional

Vagando pela internet, dei de cara com o Edge.org.  Já tinha ouvido falar sobre as "Questões Anuais" do Edge.org mas ainda não tinha visitado. Sensacional! Tiro do próprio site uma descrição:

"The motto of the Club was inspired by the late artist-philosopher James Lee Byars: "To arrive at the edge of the world's knowledge, seek out the most complex and sophisticated minds, put them in a room together, and have them ask each other the questions they are asking themselves."

A base do Edge.org é a "Terceira Cultura": cientistas e pensadores que falam diretamente com o público leigo, substituindo (ou complementando) os intelectuais mais tradicionais. Entre os vários tópicos que merecem uma leitura, sugiro o bate-papo com George Church (disponível aqui).


domingo, 29 de maio de 2016